De 5 a 7 de Dezembro de 2018, iremos realizar em Maputo, Moçambique, a Primeira Conferência sobre Determinantes Sociais da Saúde. Queremos que Moçambique se torne um país de referência na defesa dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) e que o faça com rigor científico, promovendo eventos internacionais de reflexão e debate sobre como melhorar a atenção primária no país.
Por que centramos a conferência sobre os Determinantes Sociais da Saúde (DSS)?Porque os DSS são as circunstâncias em que vivemos, crescemos e trabalhamos, e que têm uma influência crucial na nossa saúde. O nível de renda, habitação, transporte, condições de trabalho (ou falta de emprego), educação, desigualdade de género, meio ambiente, integração social e participação, entre outros factores, sem esquecer o acesso aos serviços de saúde, e se estes são ou não de qualidade, determinam a nossa saúde e causam desigualdades injustas e evitáveis na forma como adoecemos e perecemos. Por isso, na medicusmundi dizemos que #APiorEpidemia em saúde não é uma doença, mas sim as desigualdades e a pobreza.
Actualmente, podemos observar as desigualdades na saúde causadas pelos DSS em todos os países do mundo. Moçambique não é uma excepção. Muitos dos problemas de saúde mais importantes no país estão sujeitos à influência desses mesmos determinantes. Estima-se que 80% dos determinantes da saúde estão, de facto, fora do sistema de saúde. A distribuição desigual dos problemas de saúde não é um fenómeno “aleatório” ou “natural”, nem simplesmente o produto de comportamentos pessoais pouco saudáveis. Pelo contrário, é, acima de tudo, o resultado da combinação de políticas económicas e sociais implantadas num território ou país específico.
A distribuição desigual dos problemas de saúde é, acima de tudo, o resultado da combinação de políticas econômicas e sociais implantadas num território ou país específico.
Até à data, a pesquisa em saúde, em Moçambique, tem sido feita quase exclusivamente a nível biomédico. No entanto, entendemos que o país enfrenta desafios que vão além dessa abordagem e que não podemos melhorar a saúde individual e colectiva sem compreendermos melhor os determinantes que a afectam.